segunda-feira, 15 de março de 2010

Sucesso longe de casa

O roteiro é conhecido no país: o jovem desponta na categoria de base, cresce no time principal e vira ídolo da torcida. Em pouco tempo, lá está ele assinando um contrato milionário e arrumando as malas para um grande time da Europa. Kaká, Robinho, Pato, Júlio César e tantos outros com passagem pela Seleção são casos recentes de grandes nomes que deixaram saudades nos torcedores pelo Brasil.

Mas, se o sucesso chega cedo para alguns, para outros a caminhada é mais longa e com muito menos badalação. Hoje brilhando em times e campeonatos importantes, jogadores como Ederson, Marquinhos, Hulk ou David Luiz tiveram de batalhar para alcançar prestígio e dividem uma característica curiosa: são famosos e até idolatrados no exterior, mas, por terem saído cedo do país, muitas vezes são esquecidos pelo grande público brasileiro.

O meia Ederson, do Lyon, é um dos bons exemplos deste grupo que pulou etapas e se destacou de vez longe de casa. No Brasil, a passagem rápida pelo Juventude valeu para que ele ganhasse a primeira chance de defender a Seleção Brasileira na Copa do Mundo Sub-17 da FIFA em 2003. O título e as boas atuações atraíram a atenção dos olheiros franceses e rapidamente ele acertava sua ida para o Nice.

“Estava começando a carreira profissional, ainda não tinha meu espaço no futebol brasileiro e resolvi encarar o convite para me transferir para o exterior como um desafio”, aponta ele em entrevista ao FIFA.com, resumindo bem o motivo pelo qual tantas outras promessas do país se aventuram mundo afora. No Sul da França, Ederson teve um início lento, mas com surpreendente adaptação tanto ao futebol do país como à língua foi aos poucos ganhando espaço no time titular.

“A chegada é sempre complicada, já que você tem que mudar o cardápio, o clima é completamente diferente e ainda é necessário aprender um novo idioma. Mas me acostumei rapidamente à França”, conta o meia. “Acredito que, quanto mais novo, maior a facilidade de mudar de ares e se habituar às coisas.”

Após brilhar na boa campanha do Nice em 2007-08, o meia aceitou um novo desafio e se transferiu para o Lyon por um valor alto: 14 milhões de euros e a responsabilidade de ser o sucessor do ídolo Juninho, que partiria ao final de 2009. Se ainda não se firmou como titular mesmo vestindo a camisa 10, Ederson é ao menos lembrado com carinho pela torcida do Lyon pela dedicação em campo e visto pela imprensa como um bom exemplo do futebol alegre dos brasileiros.

Em Portugal são muitos

Dos diversos jogadores que tentam a sorte diretamente em Portugal, dois estão em alta, mas continuam despertando a curiosidade dos torcedores no Brasil. Givanildo “Hulk” de Souza, que recentemente vestiu a Amarelinha nos amistosos contra Inglaterra e Omã, é um deles. Apesar de ser ídolo na “Terrinha” e de ter uma multa rescisória de 100 milhões de euros, o jogador de 23 anos era até pouco tempo atrás um anônimo em seu país.

Sua história, aliás, é bastante representativa. De infância pobre em Campina Grande, na Paraíba, Hulk encarou a primeira viagem ao exterior ainda aos 15 anos para atuar na base do Vilanovense, de Vila Nova de Gaia, cidade satélite de Porto. No ano em que ficou, mal teve dinheiro para comer e contava com a boa vontade de funcionários do clube para seguir treinando. De volta para o Brasil por conta de problemas burocráticos, ainda tentou o São Paulo e o Vitória antes de partir novamente e estourar somente no Japão. O sucesso por lá fez com que ele chegasse ao Porto em alta e a aposta se justificasse rapidamente.

Já David Luiz, hoje ídolo do Benfica, tem tudo para ajudar a equipe a conquistar o 32º título nacional e desperta interesse de gigantes europeus como o Real Madrid. No Brasil, porém, o zagueiro de 22 anos passou quase desapercebido pelo Vitória, durante a fase em que a equipe beirou o fundo do poço e teve de se reerguer saindo da terceira divisão nacional.

Os casos de Hulk, David Luiz e de outros “desconhecidos” em Portugal pegou até o meia Ramires de surpresa em sua chegada à Europa. “Fiquei impressionado de ver tanto jogador brasileiro aqui. Quase todos os times de Portugal contam com jogadores brasileiros que não construíram uma carreira no Brasil. Recentemente conheci o Alan, do Sporting Braga. Tem mais gente de que ouço falar, mas que não sabia nem que se tratava de brasileiro”, conta o meia da Seleção e do Benfica ao FIFA.com.

Fifa.com

Sem comentários: